Estamos a um ano das eleições presidenciais e nos deparamos com o maior desafio do próximo governante do Brasil que é o crescimento absurdo da desigualdade evidenciada no aumento da pobreza e da miséria que tem como companheira à fome, que precisa ser encarado com coragem, responsabilidade e trabalho árduo com vista a garantir o mínimo de dignidade humana aos milhões de brasileiros que sobrevive e sofrem na marginalidade social, ou seja, sem acesso aos bens mais essenciais à vida.
A não redução desse quadro lastimável, inevitavelmente, fará com que continuemos a aprofundar essa vergonhosa diferença social que levará o nosso país, mesmo diante de suas riquezas naturais, a permanecer no atraso econômico e social, e por consequência se distanciando do necessário desenvolvimento que o possibilite ingressar na modernidade.
A pobreza, entendida como principal consequência da desigualdade social, é um problema histórico que acompanha as formas de relações sociais, que é construída através de processos de mudanças e transformações ao longo do tempo. Entendo que o governante de um país, para realizar uma ação voltada para a maioria da população, para buscar o bem estar de todos, precisa construir um novo pacto social, voltado para o social e não para o capital, que vise a construir uma sociedade democrática através da distribuição de renda e do impedimento da concentração de bens e riquezas hereditárias.
A desigualdade social no Brasil decorre do fato da sua colonização ser voltada para a exploração do território e não voltada para interesses de melhorar o país e as condições da sua população. A forma de desenvolvimento adotado, precária e desigual, moldou o nosso modelo de enriquecimento apenas dos que estavam no comando, no alto da pirâmide, e com pequena mudança assim permanece.
Diante da manutenção desse modelo/sistema a desigualdade e consequentemente a pobreza, sempre presentes no decorrer da história, agravam-se e apresentam-se com novas características a partir do processo de industrialização e com o surgimento do capitalismo, e segue seu curso até os dias atuais. Esse processo nos faz entender que a pobreza é decorrente das ações realizadas pelos próprios homens (governantes). O que temos hoje é o resultado de ações (projetos premeditados) cotidianas em situações concretas, expondo o reflexo de como à elite brasileira pensa o Brasil, ou seja, de acordo com seus interesses que balizam suas escolhas e a forma de organização da vida social.
Podemos afirmar que a desigualdade social que leva a pobreza e a miséria fizeram parte de todo o processo histórico e, mesmo estando presentes tantas vezes nas principais pautas de discussão, porém, tem se revelado não como objetos de efetivas ações que buscassem o enfrentamento desse grave e perpétuo problema social.
É preciso ter a clareza, diante da realidade revelada não mais tão somente nas comunidades periféricas e favelas, mas, também, assustadoramente, nas ruas, que a pobreza deve ser enfrentada por ações concretas que busquem às causas estruturais deste grave problema, mudando as formas de pensar a pobreza e os conceitos que foram adotados historicamente com o objetivo de manter a ordem estabelecida.
Destaco um trecho do livro de ABRANCHES, 1998, p.16: “O mito da ‘Cultura da Pobreza’, segundo a qual os pobres não melhoram suas condições de vida porque não querem, desfaz-se, sempre na dura frieza das evidências, empíricas e históricas “.
Provoquei essa introdução para afirmar que diante desse quadro entendo que a sociedade brasileira, mesmo carregando o sentimento de indignação e desesperança com a classe política, terá um papel preponderante na decisão do futuro que quer para o nosso país, e precisa fazer uma escolha baseada em uma análise crítica sobre o perfil, o histórico e a competência dos postulantes à presidente da república. A questão é simples: Vamos voltar ao passado recente, vamos manter o atual presente ou vamos renovar a escolha e alimentar novas esperanças?
Eu, acompanho a posição de uma grande parcela da população brasileira que busca uma nova alternativa. Tenho defendido uma opção eleitoral no campo das forças de centro, a chamada “Terceira Via”, que entendo precisa ser encontrada no máximo até março de 2022. Essa candidatura precisa passar para a população que ela representa o equilíbrio político, contrária ao radicalismo extremista de direita ou de esquerda, se posicionando fora do perfil populista de “Mito” ou “Salvador da Pátria “, que é caraterísticas dos falsos moralistas, com isso se colocando diante da sociedade brasileira como a verdadeira opção de mudança, a um passado recente que ficou marcado por altos esquemas de corrupção e um presente marcado por atos extremos contra a democracia e surtos de insensatez.
Essa candidatura pela opção da “Terceira Via” tem espaço. Engana-se quem hoje enxerga diferente! A polarização entre as candidaturas Lula e Bolsonaro, a meu ver, não irá se sustentar a partir do momento que a sociedade visualize e acredite, e alimentada por essa crença, deposite novas esperanças nessa nova alternativa política. Na minha percepção, o processo político para as próximas eleições presidenciais está aberto!
Contudo, vejo que a maior dificuldade para a necessária união do segmento político do Centro Progressista entorno dessa candidatura será a de passar por cima dos projetos pessoais e das vaidades. Esse esforço terá que ser feito, caso contrário o risco de retrocesso se manterá e, sendo assim, possivelmente, se realizará.
O bom senso em prol da esperança de um melhor futuro para o Brasil precisa prevalecer acima de quaisquer outros interesses!
O Brasil, através da decisão da maioria da sua população nos processos eleitorais, precisa qualificar suas escolhas e, dessa forma, escrever uma outra história!
Amaury Cardoso
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