O cansaço do brasileiro com a política sinaliza uma onda de renovação crescente na representação política que se traduz no reflexo da indignação da sociedade com a corrupção endêmica que atingiu um elevado percentual da classe política. Segundo pesquisas 96% dos eleitores não se sentem representados pelos políticos e 93% sinalizam a necessidade de surgirem novas lideranças. Esse sentimento deve causar um impacto nas próximas eleições. Contudo, não sabemos se essa reação será forte o suficiente para inibir a força do dinheiro, diante de uma cultura política e eleitoral, em especial nas periferias onde se situam a camada social de baixa renda e com menos consciência política onde o assistencialismo e a compra de votos ainda vigoram.
Existem fatores que vão além da revolta com a classe política que podem, e eu espero que não, ter peso maior nas urnas em 2018. Destaco o fato dos recursos que irão financiar as campanhas estarem vinculado ao fundo partidário e ao fundo eleitoral, este criado com recursos públicos para esta eleição com a finalidade de suprir recursos privados obtidos com empresas que foram proibidos. Fica claro que o congresso ao aprovar o fundo eleitoral tinha o objetivo de favorecer os caciques partidários e a um significativo grupo de parlamentares que já tem mandato. É obvio que com mais dinheiro as chances de renovarem mandatos é grande, o que se confirma através da movimentação de parlamentares em trocar de partidos, preferencialmente para os grandes partidos em razão de terem mais dinheiro, onde a barganha da garantia de recursos para campanha é a mercadoria principal. Para muitos candidatos o alinhamento ideológico e programático não é mais referencia na escolha do partido político que irá concorrer.
Outro fator relevante é o fato da esperada alta taxa de abstenção de eleitores, em razão da desilusão com a política, e com isso caindo o coeficiente eleitoral, o que favorece a eleição de políticos com mandato, e conseqüentemente, com dinheiro que irá possibilitar alimentar a pratica da velha política da compra de votos através de pseudas “lideranças”, obtendo o mandato através de crime eleitoral.
Não podemos ser indiferente a sensação disseminada na maioria da sociedade que tudo não passa de um jogo de cartas marcadas, favorecido por essa estrutura política eleitoral viciada. Contudo, rejeitar a política parece fazer bem a nossa indignação, mas não resolve nada. Tenho afirmado em minhas publicações nas redes, artigos e palestras que o caminho da verdadeira reforma que nos interessa está na participação, no engajamento, na vigilância e cobrança daqueles que escolhemos para nos representar, e que esta escolha deve ser pautada no voto consciente e qualitativo de cada cidadão.
Não haverá mudança na atual pratica política sem que o eleitor desempenhe com responsabilidade e consciência seu papel. A reforma desse sistema político e eleitoral começa por mim, por você, por nós. Não percamos essa oportunidade!!!
Amaury Cardoso
Presidente Estadual da FUG/RJ
Blog de artigos: www.amaurycardoso.blogspot.com.br