O clamor pela ética na
política, transparência e seriedade na condução da gestão pública e respeito ao
cidadão tem sido a tônica da sociedade. Contudo, diante do cinismo e
resistência de alguns poderosos em avançar no processo de mudança, fica claro
que a elite brasileira não está tendo a devida noção de perigo. A crise de
valores morais que extrapolou no campo político, que tem sido fortemente
criticada pela sociedade, parece não estar sendo tratada com a devida seriedade
pela classe política, que, a meu ver, perdeu a noção da grande gravidade da
indignação popular que pode levar a uma ruptura social de consequências
imprevisíveis, cujos sinais de alerta já estão sendo dados.
Alguns membros em
posição de grande poder de influência nos três poderes da República insistem em
não levar a sério o recado levado as ruas pelos grandes movimentos populares
contra a corrupção e a impunidade dos que se locupletam, enriquecendo, com o
dinheiro público. Há uma revolta crescente da população que já da sinais de que
não aceita mais ser conduzido por essa classe política, e está enojada com as
sórdidas manobras e conchavos na tentativa de desarticular a operação
Lava-Jato.
Como militante político
e dirigente da Fundação Ulysses Guimarães no Estado do Rio de Janeiro, me constrange
e entristece ver lideranças do meu partido (PMDB), alguns ocupando posições
importantes, promoverem condutas deploráveis, maculando a história de luta do
PMDB na condução da Resistência Democrática e na luta pelo resgate dos direitos
democráticos liderados por Dr. Ulysses Guimarães. Ao denegrirem a imagem do
partido perante a sociedade, e não justifica o fato de não sermos o único
partido uma vez que as instituições partidárias são vistas com descrédito, é
destruir um patrimônio político que levará tempo para ser resgatado.
A sociedade não suporta
mais o cinismo e a continuidade da pratica da velha política patrimonialista e
fisiológica. O nível de tolerância do cidadão brasileiro, que tradicionalmente
ao longo dos anos tem sido complacente, está no limite, preste a transbordar
resultando em uma convulsão social.
A sociedade espera
sinais de mudança e o governo Temer precisa ter ousadia e coragem para fazer
essa “Travessia Reformista” no campo político, econômico e social, realizando o
processo de reformas na esfera do sistema Político e Eleitoral, Previdenciário,
Trabalhista e Tributário, fundamentais para a concretização das mudanças que o
nosso país necessita e a sociedade exige.
Um governo comprometido
com mudança precisa defender valores e passar através de ações concretas sua
visão de país em sintonia com os anseios da sociedade.
Não há como recuar
diante do caos em que o país se encontra nos aspectos: Moral, Ético, Fiscal e
Econômico. O momento político extremamente delicado exige uma discussão
profunda a respeito de para onde queremos ir, e a que fins chegaremos. Não há
escolha sem valor, e os valores se apresentam a partir de referências. “Quando
o indivíduo, a família, a escola, a empresa, a comunidade, a sociedade, as
instituições, enfim, admite uma ética “capenga”, a corrupção encontra terreno
propício e estende seus tentáculos encontrando, mais frequentemente do que
gostaríamos muito poucos obstáculos. A corrupção é uma das formas mais
agressivas de comportamento porque está no campo público e no campo privado,
sendo, portanto, algo da esfera da vida. A sociedade bem ou mal resulta de
nossas deliberações, então é claro que podemos fazer com que os sistemas sejam
diferentes.”
Diante deste
entendimento, podemos afirmar que a corrupção na política é tanto mais provável
quanto mais pobre culturalmente e educacionalmente for à sociedade.
Amaury Cardoso