sexta-feira, 8 de julho de 2016

A POLÍTICA ESTÁ EM COMA - ARTIGO: JULHO/2016.



O drama atual vivido na política brasileira marca um período de retrocesso explícito diante do estado de decomposição da política partidária, agravada pelos crescentes e graves episódios de corrupção que se alastram no meio político, causando uma profunda indignação e descrédito da sociedade com a classe política, colocando a democracia representativa em estado terminal.

O sistema político e eleitoral em nosso país, da forma como se apresenta, não se sustenta mais. Exauriu-se em razão da lógica do fisiologismo, da chantagem entre os poderes executivo e legislativo, do leilão de cargos que sustentam a corrupção e o poder.
O surto de indignação da sociedade aumenta em razão da desesperança do cidadão com relação a inadiável reforma política, e se justifica pelo fato da certeza de que com esse Congresso e esse sistema eleitoral que o preserva, o caos está longe do fim e nada avançará no sentido da promoção de mudanças significativas que coloque os pilares que sustentam o status quo dos “cardeais políticos” em risco.

Na percepção da grande maioria da sociedade, todos os partidos estão envolvidos no processo de corrupção e encrencados nas investigações da Lava-Jato. Os sinais da intolerância da sociedade com a corrupção que se revela endêmica sinalizam para a exigência do fim da impunidade, e o combate ostensivo e rigoroso da prática da corrupção.

O Congresso não pode se colocar como obstáculo a uma demanda latente da sociedade, e sentar em cima de dois milhões de assinaturas que endossaram proposta apresentada pelo Ministério Público Federal, contendo dez medidas contra a corrupção. Esta proposição está mofando na Câmara dos deputados, que sequer criou comissão especial para tratar do assunto proposto através de iniciativa popular.

O que se percebe é que mesmo diante do competente trabalho que as instituições do Ministério Público Federal, da Polícia Federal e do judiciário, sobretudo a primeira instância simbolizada na figura do juiz Sergio Moro, não estão bastando. Compartilho com a opinião de que a Lava-Jato, por si só, não salvará o Brasil. Os tentáculos da corrupção são profundos e fortes, e em razão disso é indispensável à força da cidadania vigente, vigorosa e ativa.

Finalizo com a citação de um trecho do discurso proferido há 102 anos por Rui Barbosa, no senado: “(...) De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto. (...).

Que a reforma política e do sistema eleitoral venha para resgatar a credibilidade da democracia representativa, o fortalecimento da instituição partidária e, consequentemente, o avanço da nossa jovem democracia.

                                                                           

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