Estamos atravessando um ciclo político e econômico de grandes incertezas diante do esgotamento da credibilidade do atual governo, desmoralizado em razão de falsas promessas, mentiras, incompetência na gestão, sobretudo econômica, e contaminada pela corrupção institucionalizada, cujas conseqüências negativas estão levando o país a um caminho temeroso no campo econômico, social, político e moral, cuja saída exige uma profunda reforma estrutural que evite a decadência do país ampliando seu atraso econômico e social.
O Brasil vive a realidade de um
país que afunda diante de suas mazelas: Economia desindustrializada, sem
competitividade, baixíssima produtividade, sem capacidade de inovação, dívida
financeira astronômica chegando a 70% do PIB, orçamento deficitário e um
sistema previdenciário insustentável, que, levam o país a uma falência
estrutural e financeira que o impedirá de construir o seu futuro.
O país esta a deriva, paralisado
pela crise, e a desesperança da sociedade vem em decorrência de não vê no horizonte
uma saída clara. Essa falta de perspectiva se aprofunda e a população
brasileira sofre com a crise econômica e percebe que o alto grau de corrupção
na máquina pública agrava a crise política e moral, se transformando em um
multiplicador de incertezas.
No campo político se constata a
profunda rejeição da sociedade com a prática ultrapassada da velha política,
degeneradas pelo fisiologismo, pratrimonialismo, clientelismo e a corrupção
sistêmica. Destaco a citação de Paulo Guedes, em artigo “República de bananas”,
onde afirma que se aplica à nossa classe política o diagnóstico de Barbara
Tuchman sobre os Papas renascentistas: “Recusam-se
a mudar, mantendo em estúpida teimosia o sistema corrupto existente. Não podiam
fazer as reformas porque eram parte da corrupção, com ela cresceram e dela
depenem. Ignoraram todos os protestos e os sinais de revolta crescente.
Colocaram seus interesses privados acima do interesse público, sob a ilusão de
um status invulnerável”.
A desesperança, a desconfiança, o descrédito da sociedade com as
instituições partidárias desgastadas e a classe política com seus velhos
hábitos políticos, só será amenizada quando perceberem a ocorrência de mudanças
no funcionamento dos partidos, através da modernização de seus programas, da
realização de uma reforma política feita de forma responsável e ampla e na
forma de relacionamento da classe política com o cidadão, onde o populismo,
clientelismo e assistencialismo deixem de ser a prática, prevalecendo a
competência, baseada na capacidade e seriedade no exercício da função, a
conduta ética e o zelo no que concerne os aspectos morais. Pode parecer utopia,
mas esse é o sentimento que carrega a grande maioria das pessoas de bem, que
rejeitam a alta imoralidade, e o desprezo aos valores balizadores da moral.
O rompimento com o sistema de
coalização partidária como forma de cooptação e a depuração do nosso sistema
político eleitoral é a tarefa mais urgente neste momento, que o congresso e as
lideranças partidárias deixaram passar, e única alternativa para a retomada do
respeito da sociedade no sistema de Democracia Representativa. As práticas
utilizadas pela “velha política” estão ultrapassadas e se tornaram, pela
sociedade, inaceitáveis.
Gerações se passaram após o fim
do regime de ditadura militar, e o processo de redemocratização, mesmo diante
do avanço das liberdades individuais, da amplitude da participação cidadã e do
fortalecimento das bases do nosso jovem sistema democrático, não garantiram as
futuras gerações a necessária vivência de práticas democráticas. Os jovens não
tiveram nas escolas públicas, onde os alunos experimentam a pluralidade,
convivem com classes e etnias diferentes, a vivencia política como prática
cotidiana. Estamos em um momento de reinvenção da política, pois a política que
essa geração assiste não a interessa. Temos uma estrutura de séculos atrás, e a
lógica e o mundo são outros. No atual sistema político, o jovem que poderiam
revelar vocação política não tem chance de disputar o jogo político da forma
como o atual sistema político/eleitoral se impõe.
A geração do século XXI passou a
participar fazendo política nas redes sociais, se mobilizando, se indignando,
se organizando e fazendo manifestações. As redes passaram a ser uma forma
política de participação, efetivamente, uma forma de intervenção política, um
sintoma claro de que a juventude procura novos tipos de organizações, sendo a
queda significativa de filiação partidária entre os jovens um sintoma claro de
seu desinteresse e decepção com as instituições partidárias que, na estrutura
atual, não os representa.
Os partidos precisam se reinventar
e a classe política precisam mudar a sua prática política. Esse é o grande
desafio que se coloca a democracia representativa.
Amaury Cardoso
Presidente Estadual da FUG/RJ
e-mail: amaurycardosopmdb@yahoo.com.br