A mobilização da sociedade que culminou com as
manifestações de junho foi um marco que revelou o despertar da cidadania, que
descontente com o crescimento da corrupção, da impunidade, da ineficiência e
precariedade dos serviços públicos, da baixa qualidade dos sistemas de educação
e saúde, do transporte coletivo caro e ineficaz e dos privilégios abusivos da
classe política, configuraram uma crise de representação onde a insatisfação
com os políticos e a descrença nas instituições de poder, confirmam a falta de
conexão entre governantes e a população.
Diante desse fato, a reforma política volta a agenda
política do país como forma de buscar conter as mazelas da política brasileira,
que corrói sua credibilidade, melhorando a qualidade da representação política,
em especial seu aspecto ético, bem como o controle do eleitor sobre seus
representantes, sintonizados com as exigências atuais da cidadania, que passa a
ter voz e poder de decisão.
Várias foram as tentativas de se promover uma reforma política
que avançasse para o aperfeiçoamento da instituição partidária, do processo
eleitoral e de sua representação política, temas amplos e complexos que não se
permitem mais postergar sob a ameaça a democracia representativa. Dentre os
temas em discusão, destacamos a necessidade de um debate profundo dos seguintes
pontos:
1- Financiamento de
campanha que definirá o modo como os partidos políticos pagam a conta de suas
campanhas eleitorais;
2- Fim das coligações partidárias, unificação do
calendário eleitoral integrando as eleições municipais, estaduais e nacionais;
3- Mudanças no sistema eleitoral com a escolha entre os
modelos: lista fechada, lista flexível, voto distrital, voto majoritário ou
distritão;
4- O recall político que cria medidas de participação
popular que permita à população destituir, por meio de recolhimento de
assinaturas, políticos que não cumprirem suas promessas de campanha (talvez
este seja o tema mais polêmico).
Para a verdadeira
efetivação da democracia representativa e participativa torna-se imprescindível
interronper o descompasso da instituição partidária e nossa classe política com
as demandas da sociedade do século XXI.
Em suma, a sociedade clama por representantes honestos,
eficientes, que atuem com transparência e sintonizados com os seus anseios, que
se voltam por mais justiça social, com
resultados diretos para o aumento da sua qualidade de vida.
A proposito da visita de sua santidade o Papa Francisco,
que com sabedoria e simplicidade define de forma crítica a política atual,
concluo com uma citação de sua mensagem:
“Algo aconteceu com a nossa política, ficou defasada em relação às idéias, às
propostas ... As idéias saíram das plataformas políticas para a estética. Hoje,
importa mais a imagem que o que se propõe.
Saímos do essencial para o estético, endeusamos a estatística e o marketing”.
A população se sente
afrontada com contínuos casos de corrupção, com constantes descasos e
desmandos. O que esperam dos governantes e da classe política é que possuam uma
visão humanista e compromisso com a justiça social e que, diante de suas
responsabilidades, mantenham diálogo e interajam, principalmente, com a base da
sociedade, que é a que mais dependem de suas decisões.
Entusiamado, e de certa forma
confortado, percebo que a cada eleição vem se fechando os espaços para
discursos faceis, sem consistência e ilusórios, bem como para a ineficiência de
políticos e gestores na condução da administração pública, pela percepção cada
vez mais clara do cidadão de que suas decisões podem impulsionar ou retardar o
bem estar social.
Rezemos para que com a
passagem do santo Papa, de vocação jesuíta, em solo brasileiro, Deus nos
conceda o milagre de fazer com que nossos governantes se libertem da vaidade,
ganância e arrogância e passem a pautar suas decisões priorizando a justiça
social.
Amaury Cardoso
Site: www.trabalhoeverdade.com.br
www.fug-rj.gov.br
PS: A FUNDAÇÃO ULYSSES GUIMARÃES DO
ESTADO DO RIO DE JANEIRO, QUE HONROSAMENTE PRESIDO, PROMOVERÁ, NO PRÓXIMO DIA
12/08/13, ÀS 18:00 HORAS, NA AV. ALMIRANTE BARROSO, 72 – 8º ANDAR – CENTRO, UM
DEBATE SOBRE O TEMA:
REFORMA POLÍTICA: OS SISTEMAS
ELEITORAL E PARTIDÁRIO, E OS REFLEXOS DE SEU DISTANCIAMENTO DA SOCIEDADE.
PALESTRANTE: PROF. CARLOS LESSA
ECONOMISTA, CIENTISTA POLÍTICO E
EX-PRESIDENTE DO BNDES.