No processo histórico brasileiro a democracia participativa sempre foi muito fraca. Lamentavelmente a participação
popular é limitada ao período eleitoral, onde um dos principais motivos é a
falta de cultura política para participar o que piora em razão da decepção com
a política representativa, que não traz soluções para os problemas mais
candentes da sociedade pelo fato de não existir canais que liguem a população a
sua representação. O que se percebe é que aqueles que fazem política estão
afastados do mundo daqueles que outorgam aos políticos exercer a política
voltada para o interesse da coletividade. Com isso, cria-se uma dificuldade
para a existência de uma real democratização da sociedade.
O fato é que nossa cultura
política ainda é muito incipiente. Os partidos políticos tem se tornado imensas
massas burocráticas em que novamente os problemas da participação e da
representação se colocam.
“Nada mais reflete a deterioração
da política hoje do que a invasão do privado na política, onde é priorizada a
preocupação das pessoas em conseguir fazer valer seus interesses particulares.”
Acredito ser este comportamento a razão de estarmos diante de um declínio
político muito grande e temos que estar preparados para esse acontecimento. As
pessoas não acreditam mais nos políticos diante da desconexão desses e das
questões que estão emergindo, tais como: a ausência de ética e o aumento da
corrupção.
Entendo como fato dessa afirmativa,
as manifestações com a população indo as ruas, saindo do estado de complacência
e inércia, deixando clara que a insatisfação é grande e protestando contra uma
série de irregularidades praticadas por autoridades governamentais e políticos,
que contaminam as instituições e levam ao seu descrédito: a corrupção
avassaladora, a impunidade, a falta de ética, a deficiência na prestação dos
serviços publicos, a falta de perspectiva de futuro de grande parte da
sociedade cansada de viver na marginalidade social, a falta de oportunidade e
expectativa de futuro dos jovens, dentre outras, são os principais motivos que
levam as pessoas as ruas, e tiraram o “mundo político” dos eixos. A sociedade
que estava a muito tempo anestesiada, num ato que legitíma a Democracia
Representativa, deixa claro que sua indignidade transbordou, e exigem um basta
a continuidade desse sistema imoral e perverso que lhes negam seus direitos
básicos, a começar pela qualidade e universalisação na educação e saúde.
Pelas caracteristicas do movimento
ficou claro uma nítida insatisfação com as instituições, e uma grande repulsa
aos partidos políticos, que é preocupante face serem fundamentais no processo
democrático.
Muitos políticos com práticas e
visões arcaicas, vivendo no seu mundo autista, podem se considerarem
aposentados. Esta verdade se aplica aos governantes que não atuarem com
transparência, honestidade e eficiência. Verifica-se uma imcapacidade de grande
parcela de políticos de entender o potencial explosivo das condições de vida urbana
e em particular, a ausência de políticas para a juventude.
O padrão de arrogância precisa ser
revisto dando espaço para a humildade e sensibilidade para ouvir o clamor da
sociedade. As pessoas se setem cada vez menos representadas pelos partidos,
pelos políticos, pelos governantes, ou seja, exergam as instituições com
desconfiança e descrença. Essa desilusão afeta diretamente a democracia
representativa quando a população revela
seu sentimento ao pregar a antipolítica e antipartidos. Essa visão é muito
grave!
Destaco um trecho do artigo,
publicado no jornal O GLOBO, de Paulo Nogueira Batista Jr ao afirmar: “Quando a
desilusão política se combina com as dificuldades econômicas e sociais, explode
a insatisfação... Para que votar? O eleitor vota, o político se elege, mas o
poder econômico da as cartas, durante e principalmente depois das eleições”.
Há uma percepção da sociedade de
que o poder legislativo não reflete seus interesses propiciando um abismo que
separa a população de seus representantes fazendo com que se coloque como
inadiável repensar o sistema político que macula a democracia representativa,
que já não representam ninguém, como assistimos nas mensagens contidas nos
cartazes e palavras de ordem nas manifestações que ficarão marcadas na história
neste século XXI.
Uma coisa é certa. Estamos diante
de uma grande incerteza sobre os desdobramentos políticos que advirão, pois
acredito que a sociedade continuará a exigir mudanças.
E QUE VENHAM AS MUDANÇAS!!!
Amaury Cardoso
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